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Transmutação I, 2021

Transmutação é um manifesto poético-visual que tem como tema central os resíduos sólidos gerados pela indústria da construção civil.

Nesta obra os resíduos de concreto, tijolos, telhas, metais, madeiras, argamassa, gesso, massa corrida, papelão, plástico, entre outros, ganham nova perspectiva de valor e outra oportunidade de existência por meio da arte.

A proposta se interessa pela matéria em sua forma mais desprezível e nos convida a “mudar os olhos de ver”, repensando o conceito de lixo, enxergando novas possibilidades de uso, transformando e ressignificando os materiais que descartamos.

O início do projeto “Transmutação” se caracteriza pelo estudo do potencial dos materiais e das possibilidades de articulação entre eles. Nesta fase a fotografia se destaca como meio expressivo, desafiando o olhar no exercício da percepção visual, buscando criar um diálogo entre as formas que desperte interesse na composição.

“Caminho pelos locais de descarte em busca de matéria prima e fonte de inspiração para que minha arte se materialize. Coleto, seleciono, separo, classifico, estudo a expressividade e o potencial de cada material, explorando sua carga poética para sensibilizar e fazer refletir sobre as questões éticas e ambientais que envolvem os resíduos.”

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Do Silêncio das Ruínas, 2021

Esta série nasceu do projeto fotográfico realizado entre 2018 e 2019, nas ruínas do Hospital de Caridade de São Francisco do Sul. Nela apresento as fotografias da arquitetura centenária, entrelaçadas com a história de vida da parteira Maria do Carmo Vieira, que trabalhou por mais de 40 anos na maternidade do hospital.

Através da narrativa, convido o expectador a circular pela história do prédio centenário e a refletir sobre a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, como forma de preservação da própria história e identidade.

A pedido da Fundação Cultural Ilha de São Francisco (FUCISF), criei duas versões da exposição. A presencial foi exibida de forma itinerante, e a versão online, através de vídeos.

Na modalidade presencial, a exposição teve seu início na Casa de Cultura Ester Dos Passos Rosa, passando em seguida pelo Museu Histórico Municipal Prefeito José Schmidt, onde fez parte das atividades culturais promovidas por ocasião da 19ª Semana Nacional de Museus, passando pelo Espaço Nereu e encerrou seu percurso itinerante no Mercado Municipal de São Francisco do Sul.

Na versão online, foram exibidos dois vídeos nas redes sociais da Fundação Cultural Ilha de São Francisco, no decorrer do mês de maio (2021). No primeiro, destaco a personagem que me inspirou na criação deste projeto e no segundo, apresento um videoarte onde as imagens dialogam com o texto poético da escritora Elizabeth Fontes.

Exibido em 05/05/2021
Apresentação do projeto “Do Silêncio das Ruínas” e história da Parteira
Maria do Carmo Vieira.
Exibido em 20/05/2021
Videoarte, apresentação da série fotográfica “Do Silêncio das Ruínas” em diálogo com o texto poético da escritora Elisabeth Fontes.
Livro de artista
Formato 30 x 22cm
Capa Dura
40 páginas
2019
Museu Histórico Municipal Prefeito José Schmidt
São Francisco do Sul | 2021
Mercado Municipal de São Francisco do Sul
São Francisco do Sul | 2021

Dados técnicos:

Exposição Itinerante “Do Silêncio das Ruínas”
São Francisco do Sul (SC)
2021
Fotografia digital
Impressão digital eco solvente em PS
Painel metálico articulável

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Recônditos, 2021

Recônditos (2021) – Este ensaio reverbera o movimento interno de busca por novos caminhos, novas possibilidades criativas e o despertar para uma nova consciência, com o olhar mais atento a natureza, suas transformações e as questões ambientais.

“Há um tempo para cada coisa acontecer debaixo do céu: semear e colher, ganhar e perder, nascer e morrer.

Há tempo para que todo o sol revista a terra com a luz que enobrece as cores e faz nascer as plantas, e luzir os bichos mais pequeninos. Há tanta beleza neste tempo de florir, da vida germinar em pétalas de sutil delicadeza, em folhas de geometria milimétrica. Em vidas minúsculas que bordam caules, que revelam translúcidas fragilidades e resiliências. Nas folhas que sem pudor algum trocam de cor nos recônditos mais iluminados. Há seiva e vida. Orvalho e chuva. Galho e flor. Tudo se renova e acontece sem receios.

Quando os olhos passeiam por estas miudezas, em tempos de silêncio, é como se a alma se refugiasse em seus segredos. Como fosse o reencontro das duas naturezas conversando: a que se vê e a que se é, em perfeita harmonia e verdadeiro milagre.

Neste estado de contemplação, o olhar encontra alento e repouso, o sentimento de intimidade consigo, o entendimento da essência que mora em si e em cada coisa criada.

A voz da gratidão sempre se cumpre neste refúgio de entender a existência. Seja no deslumbramento de ter olhos para ver, seja na silenciosa alegria de sentir-se inteiro para cada recomeço.”

Elizabeth Fontes

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Tempo Suspenso, 2021

Tempo suspenso (2021) – Este ensaio expressa o sentimento de isolamento, dor e tristeza diante das incertezas vivenciadas na pandemia da COVID-19.

“No minuto em que a vida para, as palavras não alcançam dizer sobre os sentimentos e nem os olhos são de perceber delicadezas.

Há um absoluto deserto interior diante o caos. Uma palavra presa na garganta em asas de medo e morte.

Difícil é caminhar para dentro da alma enquanto lá fora a pandemia suspende o tempo.

A vida é feita de vidro e corte, neste precioso percurso de somente respirar entre os segundos.”

Elizabeth Fontes

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Ensaio das Rosas, 2020

Ensaio das Rosas (2020) – Um olhar poético e reflexivo diante das fragilidades e incertezas vivenciadas no período de isolamento social da pandemia.

“As rosas falam, ainda que o silenciar das palavras alcance os jardins.

Ainda que os sentimentos de fragilidade acordem e que a solidão dos dias envelheça com o tempo. Ainda que os retalhos emocionados da alma entoem uma canção-lamento.

É sempre tempo de ouvir o que as rosas falam. Entender a poética forma de vestirem-se em delicadeza. Há sempre motivo para tomar-lhes o perfume. Colher-lhes as pétalas e costurá-las todas numa linha de cerzir pequenas alegrias.

Alinhavar espinhos na compreensão de que a dor – essa tristeza por demais calada – se esvai quando o amor é colhido por uma fresta de ternura e paciência.

Mesmo que os dias passem em absoluta teimosia de afastar amores, abraços e afetos, as rosas sempre ensaiam seus perfumes. Sempre tecem sua beleza além dos olhos.

Porque o fio da vida, em agulha e linho divinos, não permite sequer um dia, que cada amanhecer aconteça sem sua perfumada bordadura.”

Elizabeth Fontes