Tempo de Alamandas (2018) – A poética deste ensaio está relacionada com a efemeridade da vida e o sentimento de transitoriedade do tempo.
“Todo o ano elas florescem.
Há o tempo para as delicadezas, a beleza do matiz. A textura feito pele e seda nos gentis e perfumados contornos.
Depois vem o tempo de amadurecer. Desfolhar-se no descolorir dos dias. Entregar-se à inteira ação dos ventos e abraçar o sentido da fragilidade, a certeza da efemeridade que cada uma reserva.
Feitos à natureza das flores e das mulheres, os fios da vida, ora doces, ora emaranhados, sempre bordaram os dias, juntaram lembranças, costuraram memórias afetivas. O feminino em sua trajetória se fez beleza, gerou vida, deu à luz, semeou a terra de alegria. Vestiu-se de sentidos. Fez-se espaço para abrigar os ninhos. Depois tornou-se silêncio em solidão debruçada.
O tempo da compreensão é o reencontro com a resiliência. A beleza da maturidade está em perceber que ciclos terminam e se desdobram em outros inícios. Benditas as flores e mulheres que se renovam neste espaço de ressignificar, recriar e transformar-se.”
Elizabeth Fontes