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Recônditos, 2021

Recônditos (2021) – Este ensaio reverbera o movimento interno de busca por novos caminhos, novas possibilidades criativas e o despertar para uma nova consciência, com o olhar mais atento a natureza, suas transformações e as questões ambientais.

“Há um tempo para cada coisa acontecer debaixo do céu: semear e colher, ganhar e perder, nascer e morrer.

Há tempo para que todo o sol revista a terra com a luz que enobrece as cores e faz nascer as plantas, e luzir os bichos mais pequeninos. Há tanta beleza neste tempo de florir, da vida germinar em pétalas de sutil delicadeza, em folhas de geometria milimétrica. Em vidas minúsculas que bordam caules, que revelam translúcidas fragilidades e resiliências. Nas folhas que sem pudor algum trocam de cor nos recônditos mais iluminados. Há seiva e vida. Orvalho e chuva. Galho e flor. Tudo se renova e acontece sem receios.

Quando os olhos passeiam por estas miudezas, em tempos de silêncio, é como se a alma se refugiasse em seus segredos. Como fosse o reencontro das duas naturezas conversando: a que se vê e a que se é, em perfeita harmonia e verdadeiro milagre.

Neste estado de contemplação, o olhar encontra alento e repouso, o sentimento de intimidade consigo, o entendimento da essência que mora em si e em cada coisa criada.

A voz da gratidão sempre se cumpre neste refúgio de entender a existência. Seja no deslumbramento de ter olhos para ver, seja na silenciosa alegria de sentir-se inteiro para cada recomeço.”

Elizabeth Fontes

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